sábado, 17 de outubro de 2015

Poema #1: O Pequeno Poeta

Ultimamente tenho escrito muito pouco. Poemas então...
Não sei bem o que é que me move para escrever poemas, nunca descobri se eu tinha uma inspiração específica. Quem sabe eu precise de mais emoção! O poema desta postagem é sobre isso. Ele foi escrito há mais ou menos dois anos, quando eu ainda tentava sufocar qualquer sentimento que surgisse em mim por motivos que não convém contar agora.
Porém o único registro de data que tenho é de quando o postei no Facebook, no dia 9 de outubro de 2014. 
Ele se chama "O Pequeno Poeta":

Que Erato guie cada verso
Na jornada do pequeno poeta
O lápis em minha mão imerso
Surge para cumprir sua meta
E então tudo trava
As rimas estão fracas e sem conteúdo
Não consigo conectar sequer uma palavra
Tenho vontade de abandonar tudo...
Por que não consigo escrever?
Preciso libertar meu lado emocional
É isso que tenho que fazer
E há uma simples razão
O que a mente não pode explicar
É descrito pelo coração.
 
 
Quem sabe não seja esse o segredo? Será que ser mais emocional me fará criar obras melhores? Veremos.

Até a próxima postagem!

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Conto #3: Esperando o nascer do Sol

Dessa vez eu quis tentar algo novo: pensar como um cachorro! Não que isso não tenha acontecido antes... mas pra escrever foi a primeira vez. 
Veja como ficou e aproveite!



Hoje estou fazendo aniversário e tenho a impressão de que ninguém se lembrou. Ou pode ser uma festa surpresa, daquelas onde ninguém te avisa nada e quando você menos espera todos pulam do escuro com um bolo cheio de velinhas, apitos e confete. Quem sabe pulem de trás das prateleiras e gritem “Parabéns Biscoito, feliz aniversário!”. Eu iria ficar tão surpreso, acho que meu rabo iria sair do lugar de tão contente.
Sobre o meu nome, sim, é Biscoito. Eu achava ele bem bobo, até descobrir que é como os humanos chamam umas comidas deliciosas que eles fazem. Então eu fiquei feliz. Quem me deu esse nome foi minha dona, uma mulher inesquecível, tão linda com seus cabelos branquinhos e mãos fofinhas. Todos os dias ela acordava bem disposta e fazia questão de abrir a janela para ver o sol nascendo enquanto gritava aos quatro ventos o quanto o mundo era maravilhoso. Eu dormia aos seus pés, na cama, e erguia minha cabeça por cima das cobertas para ver sua explosão de felicidade.
Corria para pegar seus chinelos e o jornal enquanto ela arrumava a mesa para tomarmos o café da manhã. Eu a amava tanto. Ela nunca se importava quando eu, nos meus dias de filhote, mordia os móveis, rasgava as coisas ou fazia cocô fora da caixinha. Talvez ela entendesse que nem sempre dava tempo, poxa!
O dia mais triste da minha vida foi quando o Sol nasceu e ela não acordou. Fiquei aos seus pés, esperando o grito de “Bom dia”. Mas se foram três dias sem “Bom dia”. Eu cutuquei sua barriga com meu focinho e ela não respondia. Mais tarde eu vi uns homens entrarem na casa e levarem ela em um saco. Eu protestei, mas a mulher que morava do lado da nossa casa me segurou e me levou para casa dela. Cada noite dali em diante eu chamei pela minha querida dona, mas acho que isso irritava meus novos donos. Rapidinho eu vim parar aqui, nessa casinha pequena com grade na frente.
Agora não consigo ver o nascer do sol. Vejo apenas um corredor de caixinhas iguais à minha com mais bichos dentro, todos cabisbaixos. Às vezes me pergunto se eles têm histórias como a minha, se um dia tiveram donas amorosas de mãos fofinhas para acariciar suas orelhas e lhes servir comida.
Nossa, como faz tempo...
Sinto falta da minha querida dona.
Eu ouço as pessoas daqui dizendo que um dia eu vou achar outro dono, porém falam isso há muito, muito tempo. Até em anos humanos faz muito tempo.
De lá pra cá minhas patas ficaram travadas, ninguém passeia comigo, meu pelo não é mais brilhante porque ninguém mais o penteia e passa xampu, minha visão ficou bem fraca, mas meu olfato ainda é incrível. Sinto cheiros novos todo dia, mas nenhum deles é o aroma do amor. Porque nenhum ser humano com amor vem aqui? Acho que eles preferem um bichinho mais novo, mais serelepe, que aguenta correr atrás de bolinhas e que não tem pulgas. Pobres coitados, os humanos, não sabem o quanto amor nós temos pra dar em troca.
Mas essa é a minha vida agora. Esperar. Esperar alguém para quem dar meu amor, lamber a mão e ir buscar os chinelos. Só que eu não perco a esperança nunca!
A cada badalada do sininho sobre a porta, indicando que mais uma pessoa entrou, eu volto a abanar meu rabinho, abro minhas pálpebras pesadas e sorrio. Minha voz se une a da multidão de bichinhos. Um pedido em uníssono, triste e ao mesmo tempo esperançoso, por um novo lar quentinho e confortável onde possamos deitar a cabeça cansada após um dia de brincadeiras e esperar o próximo nascer do sol com aqueles que amamos.



Até a próxima postagem!

sexta-feira, 7 de agosto de 2015

Tirinha #1: Newton e a maçã

A semana de provas não me deixou escrever. Então, ao invés de um conto, hoje deixo apenas uma tirinha que fiz há um tempinho:


Até a próxima postagem!

quarta-feira, 29 de julho de 2015

Conto #2: Seu querido super-herói




“Olá, minha filha.
Hoje é uma data muito especial, não é? Oito anos é muita coisa, quase uma mocinha! Você pensou que eu tinha esquecido? Oras, como esqueceria o dia mais feliz da minha vida? O dia em que te segurei em meus braços ela primeira vez, dei-lhe um nome e deixei cair sobre sua pele as primeiras lágrimas que deixei cair desde que fiquei adulto.
Sim, ser adulto é bem chato. Somos sérios e inexpressivos, por isso queria ser como uma criança de novo. Aproveite bem esse tempo, viu? Brinque, sorria, chore, descubra, estude.
Estou para fazer uma viagem para o lugar mais lindo do universo. Todo mundo fala muito bem de lá, gostam tanto que não querem voltar nunca mais. Sei que um dia você virá também e eu mesmo irei te buscar quando você estiver bem crescidinha.
Não se preocupe, eu estarei sempre cuidando de você, mesmo que de longe. Afinal eu sou ou não o seu super-herói? Super-heróis não descansam nunca, eles estão sempre a postos para ajudar quem for preciso mesmo que estejam do outro lado do mundo. Você pode falar comigo quando quiser, basta fechar os olhos e imaginar. Usarei meus poderes para conversar, tudo bem?
Ah, não se esquece de cuidar da mamãe. Poxa, ela ficou tão preocupada com essa viagem! Mas ela deveria saber que era inevitável, às vezes na vida temos negócios muito sérios para resolver e que só tentamos adiar, mas esse não dava mais. Como eu disse, essa vida de adulto é muito chato.
Mamãe precisa de você. Cuidar de um castelo é bem difícil, não é, minha princesa? O Rufus também precisa de ajuda, ele vai crescer e ficar bem grande! Se desculpe com ele por eu ter pisado no seu rabo uma dezena de vezes!
Ou o papel está acabando mais rápido do que pensei ou minha letra ficou grande e tremida demais. É, acho que foi a segunda opção.
Então, minha filhinha, desejo de todo o meu coração que você seja a pessoa mais feliz do mundo. Lembre-se de ser sempre a pessoa adorável que você sempre foi, desde o dia em que abriu os olhos pela primeira vez. Saiba que o papai te ama e sempre te amará, até mesmo de onde ele estiver. Adeus, minha princesa.

Seu querido super-herói."


As segundas lágrimas que o super-herói deixara cair desde que ficara adulto mancharam o cantinho do papel. Carinhosamente, e com certa dificuldade, ele depositou o papel sobre uma mesinha. Com esse movimento o lápis deslizou pela cama e caiu no chão. O som da madeira chocando-se com o assoalho foi o último naquele quarto. O monitor cardíaco acabara de parar com seus apitos frequentes. O quarto ficou silencioso. Tudo ficou silencioso, menos o amor impresso em uma folha de papel na mesinha.


Até a próxima postagem!

sábado, 25 de julho de 2015

Conto #1: O Sorriso de Rose

Nesse 25 de Julho, dia do escritor, inicio as postagens neste blog com o primeiro conto que deixei devidamente registrado.
Resolvi mantê-lo inalterado, imaculado e inocente como minha escrita original no ano em que o escrevi, em 2013. Portanto, ignore a imaturidade.






Era mais uma manhã de Sol avermelhado. Quando meu despertador soa toda manhã é o sinal que faz pulsar meu coração. Ergo meu corpo na cama, sentado com visão para a janela. Meus binóculos estão na cômoda; tomo-os as minhas mãos. Seis horas da manhã é o horário em que a vizinha do apartamento em frente ao meu chega depois de sua jornada de trabalho.
Eu tenho 12 anos, mas já sei o que se passa. Sei que ela é uma prostituta. Comprovei isso graças ao intenso número de homens que entram e saem do apartamento dela. Ah, e eles gritam o nome dela, foi assim que descobri que ela se chama Rose. Mas eu não ligo para esses homens. Ela sempre aparece reluzente nesse horário, geralmente chutando um novo homem bêbado para fora de seu quarto depois de uma noite agitada.
A observo já faz dois meses e sempre a vi da mesma forma. Olhos pesados, como se nunca dormisse (e imagino porque não dorme), maquiagem borrada, um lindo cabelo dourado e bagunçado, e o que mais me intriga: ela nunca sorri. Seus lábios com batom intensamente vermelho, manchado e escorrendo pelo queixo, nunca se curvam no que eu imagino ser o sorriso mais lindo do mundo. Meu sonho é ver o sorriso de Rose pelo menos uma vez na minha vida.
Mas neste dia tudo estava diferente. Rose apareceu na janela, mas não havia botado um homem para fora. Ela estava enrolando copos de vidro em jornais e colocando-os delicadamente em caixas de papelão. Olhei para a calçada de seu apartamento e vi um carro bege caindo aos pedaços parado. O capô estava aberto e dentro dele repousavam duas maletas surradas, um amontoado de roupas saltando para fora delas e uma caixa de papelão amassada sobre o peso de uma das maletas.
Rose desceu as escadas com pressa, pois em segundos após sumir da janela ela surgira saindo pela porta da frente do prédio, colocando a caixa de papelão no chão. Jogou uma maleta para o canto do porta-malas e pressionou as roupas soltas contra ela. Ajeitou um pequeno lugar e colocou a caixa com cuidado.
Mil coisas passaram pela minha cabeça. Sim, mudança. Jamais veria Rose de novo? Eu precisava fazer algo. Saltei da cama e senti meus joelhos estralarem. Se Rose fossem embora eu jamais veria seu sorriso e eu mesmo teria uma vida triste para sempre. Abri a porta do meu quarto e corri. Nunca fui nenhum atleta, e acho que aquilo poderia me matar, mas desci as escadas na velocidade da luz. Estava tão desajeitado quanto um pinguim, sentia cada pedaço da minha perna se aquecer, como se eu estivesse deitado em uma chapa.
Pensei logo em comprar uma lembrança para ela. Meti a mão no meu bolso, mas lembrei que estava de pijama e só tirei alguns fiapos e o que parecia ser uma bombinha para asma.
Então avistei um canteiro de flores na entrada do meu prédio. Nem vi direito, mas puxei a primeira flor que achei. Que feliz coincidência, era uma rosa. Corria muito rápido e apertava aquela flor como se minha vida dependesse disso. Por um instante senti os espinhos furando minha mão, mas nem me importei.
Vi que Rose estava entrando em seu carro e dando a partida. Foi então que caí de cara no capô. Minha mão estralou no metal e fez cair um punhado de ferrugem. Rose se assustou e desligou o carro. Agora eu estava frente a frente com ela, e nunca tinha feito isso antes. Estava tão cansado e emocionado que nenhuma palavra saia da minha boca. O que consegui fazer foi erguer meu braço e lhe entregar a rosa, depois sorri.
Pensei que iria desmaiar ali mesmo naquele momento. Vi Rose sair do carro e pegar a flor, cheirá-la e então esboçar o mais lindo sorriso que já havia visto. Venceria qualquer modelo famosa neste quesito. Então tudo veio a minha cabeça. Meus pés descalços doíam por caminhar no asfalto quente, minhas pernas estavam me matando com a dor mais excruciante que já havia sentido, minha mão sangrava, meus olhos se apertavam, mas eu só conseguia ver aquele sorriso. O sorriso de Rose. Mais brilhante que o Sol avermelhado. Acho que desmaiei naquela hora.
Foi quando me lembrei de dois meses atrás, do acidente em que um carro me deixou quase paraplégico. Fiquei sozinho no meu quarto, e meu pai me deu binóculos para observar a rua, até arrastou minha cama para isso. Lembro-me dos médicos falando que minha recuperação seria muito lenta, ou quase impossível. E eu tenho asma também.
Depois que desmaiei no carro de Rose eu só acordei horas depois no hospital. Os médicos falaram que foi uma recuperação milagrosa, e que algo realmente importante me teria feito correr daquele jeito. Foi quando me recordei de Rose. E chorei.
Nunca mais vi Rose, nem o seu sorriso, desde aquela cansativa manhã de Sol avermelhado.

Sabe quando as coisas parecem escuras, tristes, mas apenas um sorriso é capaz de iluminar tudo? Aquilo que transforma o seu dia para melhor, anima os momentos que sozinho e naturalmente seriam muito chatos. Valorize esse sorriso. E faça de tudo para que ele nunca mais desapareça.

Até a próxima postagem!